
Filipinamente pirateados
Goesamente enturdidos
Malaicamente chicoteados
Balanicamente enganados
.
João Pires autor
Filipinamente pirateados
Goesamente enturdidos
Malaicamente chicoteados
Balanicamente enganados
.
João Pires autor
Luas negras iluminadas
Na noite do temporal
Ondas bravias imaginadas
Encaminhados pela intuição ancestral
.
João Pires autor
Se do teu beijo eu pudesse fazer amor
sonhos de olhos fechados que se replicam em teu redor
numa noite de chuva
iluminada pela luz do candeeiro
como se de uma vela romântica se tratasse
Se o teu beijo pudesse fazer amor
chamaria as estrela para presenciar
a mais bela sinfonia
entoada numa noite de calor
Se o teu beijo pudesse trazer amor
numa noite quente
salpicada de suor
num gosto de mar
onde fazemos amor
Se o teu beijo acordasse o amor
então o dia seguinte seria melhor
as aves cantariam sem parar
numa primavera constante
Se o meu beijo acordasse o teu amor
seria o homem mais feliz
esquecerias a tua dor
numa noite sem fim
13-9-2022
João Pires autor
Vinde senhora minha
Para o navio da companhia
Navegaremos pelo mar fora
Durante noite e dia
Vinde senhora minha
Segurai na minha mão
Olhai que belas são
São as paisagens
Vistas do meu batelão
Vinde minha senhora
Vamos navegar para casa
O relógio já deu a hora
O sinal da partida
Os navios já esperam por nós
Para fazer a viagem de regresso
Para chegar a casa com sucesso
Vinde senhora minha
Dai-me a vossa mão
05-07-2022
João Pires
Vendi a alma ao diabo
vestida sem pecado
pendurada numa cruz
de madeira debaixo da luz
Vendi a alma ao diabo
num dia de céu cinzento
estava sem pensamento
agitado e turbulento
Vendi a alma ao diabo
mas disse que a queria de volta
arrependi-me sem escolta
pedi por favor para a devolver
chorei um rio de lágrimas
Pedi a alma ao diabo
por tudo deste mundo
por conta do outro
quero a minha alma
dentro de mim
Fui lá de noite
pelos campos fora
recuperei a minha alma
da cruz de madeira
mas penei a noite inteira
Não vendas a tua alma ao diabo
nem a ninguém
só o teu coração te quer
como ninguém
22-05-2022
João Pires
foto: Amber Bracken
No fabulo ambiente da tua janela
aberta e desprotegida
anseio imaginações tentaculares
debaixo da magna ramada verde albergadas
Imagino que vives ainda
por detrás daquela janela
sem vidro nem batente
donde se soltam gemidos de desejo
Numa noite de desejo obsceno
entro que nem devasso
pela tua janela adentro
apenas para te espeitar
Mas logo te desejo encontrar
ouvir de perto teus gemidos intensos
se te sussurrar vontades lascivas
Somítico nas palavras
quero ver-te à luz da janela
naquela noite de luar
para te desejar de corpo inteiro
As tuas erógenas zonas
sobressaem da camisa
à luz do luar
em voluptuosos movimentos
Desejo-te a cada centímetro
que me aproximo de ti
sinto a tua respiração
no alto daquela janela sem protecção
Tomo-te nos meus braços
rodeio-te pela cintura
desfazes-te em suspiros
beijamo-nos longamente
no fabulo ambiente da tua janela
10 de Maio de 2022
João Pires
Pudera eu
adivinhar a linha do horizonte
entre o céu e o monte
entre o laranja do sol poente no mar
Pudera eu saber
o que está para além daquela linha
fio ténue da imaginação
que separa a razão do coração
Cordas, estacas e outras amarras
que prendem à terra
senão navegaria até Inglaterra
sulcando ondas e vagas
Ouvir o ronco da sirene
em noite de bruma incerta
avistar a luz do farol
será a atitude mais certa
Pudera eu
apreciar a luz do por do sol
todos os dias
8-5-2022
João Pires
O ser humano viverá enquanto houver amor
Para desejar o bem
Seguir o caminho com louvor
Sem amarras ou ficar refém
O ser humano viverá enquanto houver partilha
Com os pobres e rejeitados
Ou com os amigos da pandilha
Eternamente agradecidos
O ser humano viverá enquanto houver família
Pai, mãe, irmã, irmão
Também aqueles que vivem ao nosso lado
De sangue ou de coração
O ser humano viverá enquanto houver felicidade
Naqueles momentos de puro prazer
Num sentimento de cumplicidade
Poemas de bom saber
O ser humano viverá enquanto houver aceitação
Receber o que é oferecido
Admitir a vida com exortação
Para que o mundo seja enaltecido
O ser humano viverá enquanto houver bondade
Seguir o caminho da perfeição
Procurar fazer o bem na verdade
Dedicar palavras com afeição
O ser humano viverá enquanto houver sonho
Na imaginação do inconsciente
Onde entra o belo e o medonho
Durante a noite ou dia conveniente
O ser humano viverá enquanto houver imaginação
Criação de novas realidades
Mas sempre com determinação
à procura das suas verdades
O ser humano viverá enquanto houver gratidão
Sempre que o bem se imponha
No mundo de vastidão
De palavras o poeta disponha
O ser humano viverá
Se deixar aberta a janela do pensamento
Jamais morrerá
Enquanto houver estrelas no firmamento
20-05-2021
João Pires
Sorte em repetir a vida
Num tempo sem relógio
Quando chegam as primeiras andorinhas
Em total harmonia de privilégio
Até onde poderei repetir a vida
Num tempo sem ponteiros
Onde nem todas as andorinhas regressam
Num espaço de ódios, guerras e morteiros
Saberei eu viver a vida
Tomar os primeiros banhos de mar
Passear debaixo do luar
Quando a lua de nós cuida
Dar valor à vida
É sentar na esplanada
Tomar um copo de cerveja
Sem pensar em mais nada
Noites sem fim
Em conversas de amigo
Palavras de amor
Ou para ler um livro
Se a vida tomasse conta do tempo
Seria eterno até às galáxias
Ganharia mais alento
Viveria novas vidas
09-05-2021
João Pires
Trago palavras no peito
Percorro as páginas dos teus livros
Na senda do sonho perfeito
Com tantos quilómetros percorridos
Guardo o teu perfume em mim
Que emana da minha pele
Suave aroma de jasmim
Daquela tarde encontrada
Se os teus lábios frementes
Anseiam ser correspondidos
Que melhor poema te poderia cantar
Senão com beijos acendidos
Quando o mar toca em ti
Teus olhos brilham de maresia
Nas tuas ondas me perdi
Naquele ritmo de melodia
Quantos mares percorreste
À procura de melhores sonhos
Porque nunca soubeste
Que vivem em barcos risonhos
Seria a vida mais bela
Se a poesia comandasse
A mais bela caravela
Por quer que navegasse
Trago-te dentro de mim
Mais belo poema
Que aconteceste
Numa rima sem fim
Desde o dia em que nasceste
06-05-2021
João Pires