As palavras são como abraços
No meio da palermia
Soltam-se ventos, gritam-se ecos
No deserto da ventania
As palavras são como abraços
São alimento e canção
Dão conforto aos regaços
Preenchem o coração
Os poemas são como amassos
Encantam à primeira vista
Atraem nunca vistos
Convidam a dançar na pista
As palavras sabem a beijos
Na terra sem afectos
Tudo por causa da pandemia
Eu morro de desejos
Encantar-te com poesia
Oferecer-te flores
Numa manhã com cheiro a maresia
Ou na montanha dos amores
As palavras são como sorrisos
Deslumbram todos aqueles
Que desviam os olhares indecisos
Ou tem os corações moles
As palavras são alento
Para quem vive neste vazio
Também são como o vento
Ou correm como a água do rio
As palavras são como carinhos
Em tempos de azedume
Onde tocam sinos
Há falta de perfume
As palavras exprimem desejos
Num mundo doente
Não sei quando farei festejos
Num novo normal coerente
03-01-2021
João Pires