poesia

Chapéu florido

Prendo uma lágrima
Para que não role pelo rosto
Estou em dia de festa
Numa aldeia em alvoroço


Meu chapéu com suas flores
E singelos pendentes
Com músicas tilintantes
Convida à alegria

Meus olhos tristes
Apontam para baixo
Fugir dali para fora
Estar longe de todos
Na companhia dos corvos
Para beber as minhas lágrimas

2-2-2023

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poesia

Flores de janelas

Flores de janelas florescendo brilhantes
Cores vibrantes numa divina visão
Pétalas em cascata, tão sublimes,
Trazendo vida a qualquer espaço seu

Cozinha de caixa em suave aroma
Aromas aromáticos, um espetáculo agradável
Frutos de toda espécie
Uma festa para os olhos, um deleite para a mente
Um sabor para a boca

Espaço em branco numa tela tão nua
Um lugar para criar
Um lugar para partilhar
Um lugar para explorar para encontrar o nosso caminho
Um lugar para crescer no dia-a-dia

Num simples jarro de flores plantado à janela da cozinha

25-jan-2023

João Pires autor

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poesia

Fecha os olhos num momento de paz

Fecha os olhos num momento de paz,
Mulher no teu próprio mundo de conforto,
Livros que lês enquanto flores desabrocham,
Rosas que exalam um doce perfume,
Sonhos que te enchem de prazer,
Um momento de paz contra o qual não podes lutar.

Teus olhos fechados, num mundo só teu,
Os livros que lês, as flores que crescem numa doce paz,
Rosas que trazem suave essência
Sonhos que tornam a tua vida mais feliz,
Momento de paz que não podes negar,
Este é o momento que tens para sonhar.

21-jan-2023


João Pires autor

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short story

Vamos à vida que a morte não bate à porta

Vamos à vida que a morte não bate à porta

O despertador tocou cedo. Eram horas de se levantar para ir trabalhar. Foi à cozinha bebeu um copo de água, abriu a porta e observou o relvado que tinha sido cortado na véspera. Aquele verde era relaxante para os olhos, mas tinha custado uma hora de esforço. O céu estava encoberto e caía o orvalho matinal próprio daqueles dias. Os cantos repetidos dos pássaros ajudavam a despertar. Não se via vivalma.

Era hora de cuidar da vida, porque a morte não bate à porta. De tempos a tempos, era assaltado pela partida de mais uma pessoa, fosse familiar, amigo, colega de trabalho ou figura pública, o que o levava a pensar que a vida tem um fim. O fim da vida pode ser determinado por uma doença ou por um acidente. Os acidentes e as doenças súbitas causam sempre um sentimento de incompreensão e de injustiça, mas nunca de aceitação. Saber aceitar talvez seja a solução para muitas questões da humanidade, assim saber cuidar dos vivos.

Muitas das vezes as reacções de tristeza e de pesar sobre quem parte, levam a pensar no sentido da vida.
Aquilo que caracteriza a raça humana, para além do instinto de sobrevivência comum a todas as formas de vida, é a atribuição do significado da vida e do amor. O ritmo de vida imposto, não deixa espaço para pensar sobre a missão na terra, não deixa escutar o coração, ao ponto de criar pânico sobre a morte. A sensação de angústia provocada pelos planos ainda não concretizados, pelas elevadas expectativas de vida a atingir, conduzem à ansiedade.

Porque a raça humana ainda não aprendeu a valorizar a beleza da natureza, de uma flor, de um sorriso, de um abraço ou de uma palavra.
Porque se oferecem mais flores à morte, do que à vida?
A primeira pandemia do século XXI veio introduzir alterações a esta ordem de prioridades. O confinamento veio dar espaço para que as famílias ou residentes no mesmo espaço, se aproximassem. Surgiram novas formas de trabalho e a noção de vida no bairro, voltou a ganhar importância.

Se cada minuto do presente contasse, talvez a vida ganhasse novo alento.

25 de Junho de 2020

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