poesia

Sonhos inalcançáveis pintados de azul

Sonhos inalcançáveis pintados de azul
Quimeras flutuantes em nuvens de algodão
Jardineiro dançante em chávenas de chá
Do jovem imperador do Japão

Das dunas do deserto
Até à Ásia do Cazaquistão
Em cima do camelo
Na tenda de lona
Debaixo do céu estrelado

Por entre mares de areia
Montes e vales desenhados
Viagens sem retorno
Caminhos olvidados
Desejos enumerados

Pintados de azul são os sonhos
Em nuvens de algodão
No Alentejo ou no Sertão
Não importa quão

23-out-2022

João Pires

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Vai até onde o coração te levar

Vai até onde o coração te levar
Sem medo de voltar
Aprecia o fim do dia
Partilha o pôr do sol

Vai até onde o coração te levar
Sem receio de enganar
De olhos fechados e cabeça perdida
Sem saber se um dia vais voltar

Vai até onde o coração te levar
Num mar de fogo
Numa clareira sem fim
Dentro do céu estrelado
Numa noite de luar

Vai até onde o coração te levar
Porque um dia não vais regressar
Caminhos, montes e vales
Flores e sorrisos perdidos

Vai até onde o coração te levar
Nas palavras esquecidas
Que um dia proferiste
Mas deixaste a tua marca

Vai até onde o coração te levar
Porque só assim conseguirás encontrar
O caminho para a felicidade
Vai até onde o coração te levar

19-out-2022

João Pires

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Se o teu beijo pudesse trazer amor

Se do teu beijo eu pudesse fazer amor
sonhos de olhos fechados que se replicam em teu redor
numa noite de chuva
iluminada pela luz do candeeiro
como se de uma vela romântica se tratasse

Se o teu beijo pudesse fazer amor
chamaria as estrela para presenciar
a mais bela sinfonia
entoada numa noite de calor

Se o teu beijo pudesse trazer amor
numa noite quente
salpicada de suor
num gosto de mar
onde fazemos amor

Se o teu beijo acordasse o amor
então o dia seguinte seria melhor
as aves cantariam sem parar
numa primavera constante

Se o meu beijo acordasse o teu amor
seria o homem mais feliz
esquecerias a tua dor
numa noite sem fim

13-9-2022

João Pires autor

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Perfídia putefial desprometida

Perfídia putefial desprometida
Rasgaste palavras de anzol
Fugiste da luz
À procura da má-fé

Poetisa pura acorda
Rasga letras com os dentes
Engole palavras assentes
Corrói ácidos ardentes
Mastiga a dor de uma só vez

Inspira o ar puro das tílias
Exala o sangue enxofrado
Para que de uma só vez
De poema bem assente
desprometas a putefial perfidia

Vem apreciar a luz do sol
Fica para mais um final do dia
Inspira poesia
Inspira poema
Muda de tema

Tens o mundo aos teus pés
À espera da tua inspiração
Aquela que vem do teu coração

Não esperes por ninguém
Nem pelo cão
Que apesar de ser fiel
Um dia fugirá pelo portão

Mostra a tua canção
Ouço a tua música
Suave como o canto do regato
Trinada como os passaros da primavera

Poetisa pura
Tens sentimento
Desata o teu pensamento
Liberta a tua inspiração

Sairás mais tu
De cada poema
Sentido pelo coração
Numa nova canção
Dentro de ti

7-9-2022

João Pires autor

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Sorrias numa só nota

Vestida de organdi
Sorrias de alegria
Inebriada na poesia
Da noite molhada
Da longa orvalhada

Multidão de gente
Morava à tua volta
Com liberdade à solta
Cercada numa grande volta

Sorrias numa só nota
Teus cabelos longos
Seguros pela fita
Dançavam ao som do rock

O olhar de luz
Brilhava do teu rosto
Numa noite sem luar
Enquanto o artista estava a cantar

Espalhavas o teu sorriso
Numa noite de encantar

29-08-2022

João Pires autor

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Nuvens líquidas de pensamentos

Nuvens líquidas de pensamentos
Debaixo de céu azul
Passageiras por breves momentos
Mensageiras do final da manhã

Nuvens líquidas de pensamentos
Deixam palavras perdidas
Esvaziadas de bons argumentos
No campo ou nas areias molhadas

Nuvens líquidas de pensamentos
Como num dia extasiante
De plena luz arrebatadora
Numa paleta intensa

Nuvens líquidas de pensamentos
Passam leves de ideias
Apenas mostram seu belo movimento
Numa breve passagem
Empurradas pelo vento

28-07-2022

João Pires

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Na minha essência

Na minha essência
Descanso meus braços
Sobre a cama do amor

Na minha essência
Fecho os olhos
Escondo o meu pudor

Na minha essência
Sinto o que vai dentro
Sem esquecer a nudez

Na minha essência
Estou vestida de amor
Sem saber o que vês

Na minha essência
Talvez não conheças o que vês
Queiras tu ver

Na minha essência
Acho que ninguém sabe
O que vai no meu coração
Nem tu sabes o que vês

Na minha essência
Fecharei os olhos
Sempre que quiser escutar
O que vai dentro de mim
Sem olhar ao manequim

Na minha essência
Voltarei a ler estas palavras
Encontrarei a minha alma

Na minha essência
Encontrarei amor dentro de mim

19-07-2022

João Pires

Pintura
Artista: Amedeo Modigliani (1884–1920)
Título: Female Nude Iris Tree
Género: nu artístico
Data: cerca de 1916

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Pudesse o teu sorriso

Pudesse o teu sorriso
Acender o meu desejo
Fogo que vai dentro da paixão
Descobrir a sensação da tua pele

Beijar teus lábios
Cor da cereja
Carnudos e doces
Como a minha boca deseja

Abraçar-te pelas costas
Sentir teus pomos frementes
De vontade de serem tocados
Tocar meus lábios na tua brancura

Descalça de um pé só
Convidas-me para despir o outro
Só um par se completa
Na doçura da canção

11-07-2022

João Pires

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Vinde minha senhora

Vinde senhora minha
Para o navio da companhia
Navegaremos pelo mar fora
Durante noite e dia

Vinde senhora minha
Segurai na minha mão
Olhai que belas são
São as paisagens
Vistas do meu batelão

Vinde minha senhora
Vamos navegar para casa
O relógio já deu a hora
O sinal da partida

Os navios já esperam por nós
Para fazer a viagem de regresso
Para chegar a casa com sucesso
Vinde senhora minha
Dai-me a vossa mão

05-07-2022
João Pires

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Gémeos semideuses

Cavalos indomáveis
Corpos nus
Gladiadores poderosos
Correm na arena dos incautos

Pó no ar
Areias que saltam da biga
Cavalos que puxam os carros
Carros de guerra na rena

Multidão exulta de clamor
Brados sem resposta
De quem jaz na arena
Quedo e nu

Homens e gladiadores
Saltam para a arena
Salvando a dezena
Num rapto seu igual

Gémeos semideuses
Irrompem a multidão
Salvam as filhas da escravidão
Libertam mulheres da tirania

01-07-2022

João Pires

imagem: Rubens (1577-1640), «O rapto das filhas de Leucipo», 1618.

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